A Geração Y não é mimada – eles apenas rejeitam o abuso como uma tática da gerência



Empregados mais jovens são normalmente estereotipados como inseguros e carentes. Talvez nós é que precisemos reavaliar porque achamos ser normal ter patrões agressivos.

Recentemente, os professores de Medicina da Universidade de British Columbia divulgaram um vídeo destinado a sensibilizar os seus colegas para os "alunos maltratados". Com uma musiquinha de piano em tom menor de fundo musical, os espectadores foram aconselhados a evitar constranger os alunos com perguntas, a evitar interações "frias e clínicas" e cultivar ambientes de aprendizagem "seguros" para os jovens residentes.

Parecia um vídeo do Sensacionalista, mas não era, e sua mensagem não é estranha para um monte de empregadores que lidam com funcionários nos seus 20 anos de idade. Para muitos que se lembram como o mercado de trabalho era antes da Internet, a Geração Y parece incrivelmente frágil, tendo sido protegidos dos caprichos do mundo por pais superprotetores, alertas de ‘gatilho’ e – para críticos especialmente cínicos - puro narcisismo. "Essa gurizada de hoje..." É uma forma tão natural de puxar papo como "Você assistiu Seinfeld ontem?" teria sido há 20 anos.

É uma visão estereotipada e, claro, incompleta. Mas não há dúvida de que esta nova geração de trabalhadores está mudando a dinâmica interpessoal do local de trabalho moderno, como já fizeram nas escolas e universidades. E eu tenho uma notícia para vocês, meus velhos e moralistas companheiros: Isso é uma coisa boa.

Durante décadas – ou séculos - o arquétipo da pessoa de negócios bem-sucedida tem sido o falastrão zombador, sem medo de emitir ordens e detonar o trabalho de subalternos. Ele (e sejamos honestos, normalmente é um Ele) lidera com uma mistura encantadora de ego, temperamento impulsivo e intimidação. O personagem Gordon Gekko é o garoto-propaganda, mas exemplos reais não faltam: Rupert Murdoch, Anna Wintour, Larry Ellison, Kevin O'Leary, Donald Trump. Steve Jobs, brilhante como ele era, era um chefe muitas vezes cruel e tirânico.

A influência de tais titãs criou a expectativa de que para ser bem sucedido nos negócios a pessoa deve ser capaz de ser, por falta de um termo melhor, malvada. Ou, pelo menos, deve-se estar preparada para agir dessa forma. Durante décadas, indivíduos outrora gentis e amáveis ​​tiveram de se treinar para se comportar de maneira diferente no trabalho: ser mais duro, mais frio, menos educado. (Dá para fazer cursos sobre esse tipo de coisa - incrivelmente.) Em alguns locais de trabalho, fazer um colega chorar é considerado um sádico rito de passagem. Na cultura do comércio, um comportamento que seria inexcusável em praticamente qualquer outro contexto não só é tolerado, mas recompensado.

Qual o motivo disso? Que benefícios reais são conferidos a uma empresa quando seus líderes são maldosos? O comportamento abusivo certamente não estimula a produtividade: um estudo de 2006 da Florida State University com 700 funcionários de uma variedade de áreas diferentes descobriu que aqueles com patrões abusivos eram – comparados a seus colegas -  cinco vezes mais propensos a atrasos propositais ou a cometer erros, e quase seis vezes mais propensos a pedir atestados médicos desnecessários. Isto também não ajuda muito a motivação dos trabalhadores: o professor de Comportamento Organizacional de Stanford, Robert Sutton, escreveu em seu best-seller de 2007, The No Asshole Rule, os gerentes brutos "enfurecem, degradam e prejudicam seus colegas, superiores, subalternos e, às vezes, clientes e fregueses, também."

Os chefes mais progressistas de hoje - aqueles cujo comportamento será o status quo de amanhã - são exigentes sem desestimular, honestos sem serem rudes e confiantes sem serem arrogantes. Muitas pesquisas importantes sobre cada uma dessas qualidades de gestão foram feitas, como o livro de Mark Murphy, ‘Hundred Porcenters’, sobre motivar os funcionários em direção à grandeza; Ou a abordagem de “doçura radical” para oferecer feedback do ex-Google Kim Scott; Ou o trabalho de Brené Brown, cuja palestra célebre no TED em 2010 chama-se "O Poder da Vulnerabilidade". Ter em mente os sentimentos das pessoas não faz dos gerentes pessoas moles; Ao contrário, esses líderes reconhecem que seu trabalho é ajudar as pessoas a se destacarem. E eles produzem resultados excepcionais, não apesar de sua compaixão e bondade, mas exatamente por causa disso.

Sim, pode ser irritante ouvir nossos colegas mais jovens queixando-se que foram magoados. Mas a Geração Y não está errada em esperar um ambiente de trabalho mais gentil e mais agradável. Nós é que estamos errados por manter-nos agarrados à idéia inútil e ultrapassada de que para prosperar nos negócios, você tem que ser um idiota.


Texto traduzido por Kenzo Miura.
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